Djamila Ribeiro

A um mês de se mudar para os EUA, Djamila Ribeiro relembra trajetória como professora

Redação

17 de julho de 2024

“Daqui a um mês vou para Nova York lecionar na NYU. Será a minha primeira vez morando fora do Brasil e me pus a pensar sobre todo o caminho percorrido”, escreveu a filósofa brasileira em seu Instagram, comentando fotos do período em que foi professora do cursinho pré-vestibular para negros e estudantes de baixa renda, Educafro Baixada Santista, há cerca de 20 anos.

“Interessante que à época eu não havia me formado ainda, mas dedicava todos os meus sábados e alguns dias na semana voluntariamente ao projeto para que esses jovens realizassem o sonho da educação superior. Thulane era um bebê e eu sempre a levava comigo”, ressaltou.

Djamila também foto de excursão que fez com os alunos, “primeiro ao Museu do Ipiranga e depois ao Museu Afro Brasil para que eles e elas fizessem uma análise crítica . Minha querida amiga Augusta França (@augustadefrancaoliveira) coordenava tudo com muito amor”, lembrou.

“Na última foto, minha amiga Flávia Monteiro (@flavia.m.monteiro) está cuidando de Thulane para que eu pudesse dar aulas. Na foto 5, estou mediando o lançamento de Cadernos Negros com a querida Esmeralda Ribeiro (@escritoraesmeraldaribeiro) e na 7 estou palestrando no Colégio Estadual dos Andradas sobre a importância do dia da Consciência Negra”, comentou Djamila, destacando o quanto esse trabalho comunitário enriqueceu sua formação.

“Lecionar em uma universidade nos EUA só foi possível porque tive experiências como essa. Experiências em prol do coletivo que me permitiram enxergar o mundo para além das frestas e me ensinaram sobre mobilização política. Ando nostálgica com a mudança que se aproxima, mas feliz por ver que tudo segue fazendo sentido. Quem não esquece de onde veio, a flecha certeira sempre direciona para onde vai”.

 

“Visto para professora aprovado!”

Djamila também fez um post comentando a aprovação de seu visto para atuar como professora nos Estados Unidos.

“Hoje meu visto J1 foi aprovado, agora não falta mais nada para a próxima jornada em Nova York. Assumo a Cadeira Andrés Bello para lecionar esse semestre na NYU”.

A filósofa vai priorizar “uma bibliografia majoritariamente brasileira, feminina e negra”. Um dos desafios, segundo ela, é ter que traduzir trechos das obras das autoras escolhidas, uma vez que a maioria não foi traduzida. “As políticas de tradução seguem coloniais, infelizmente. Porém, estou feliz por fazer isso e apresentar autoras brasileiras para as/os estudantes”.

A disciplina a ser ministrada foi nomeada, segundo revelou a coluna do jornalista Guilherme Amado, “Novos arcabouços civilizatórios através da ótica de Lélia Gonzalez”. Um dos focos é, justamente, o exame de políticas coloniais de traduções e os impactos na disseminação de trabalhos críticos. As aulas de Djamila na NYU também serão essenciais para o fomento do diálogo entre diferentes vertentes do feminismo nas Américas do Sul e do Norte.

 

Djamila lembrou que o momento coincide com o lançamento da versão em inglês de ‘Lugar de Fala’.

“A grata sintonia é que a edição em inglês de Lugar de Fala, ‘Where we stand’, será publicada em agosto e além das aulas na NYU farei alguns eventos de lançamento pelo EUA. Já temos eventos marcados em Washington D.C, Nova York, Atlanta e Madison/ Wiscosin”, revelou, sublinhando que “o livro foi colocado na lista dos livros mais esperados de 2024 do Literary Hub (@literaryhub) e já considerado um clássico feminista”, postou.

A escritora ressaltou a “alegria imensa” de ser publicada pela prestigiada Yale University Press e de contar com prefácio da “gigante Chimamanda Ngozi Adichie”, reforçando os laços do Sul global.

“Não me canso de agradecê-la pela generosidade!”, complementou, exaltando também nomes como Ibram X Kendi e Patricia Hill Collins, que assinam a quarta capa. “Sou grata pela interlocução e partilha”, escreveu.

Para finalizar, Djamila falou da continuidade dos projetos no Brasil, apesar da distância.

“Meus focos principais serão as aulas e os eventos de lançamento de Where We Stand, mas claro que meus laços com o Brasil seguem firmes e fortes. Minha coluna semanal na Folha será mantida, os trabalhos no Espaço Feminismos Plurais e os projetos editoriais. O sentimento é gratidão!”.

Artigos Relacionados


15 de julho de 2024

Espaço Feminismos Plurais faz últimos preparativos para sessão de autógrafos com Paula Anacaona


21 de dezembro de 2022

Djamila Ribeiro lança novo website


21 de dezembro de 2022

Djamila Ribeiro é capa da Forbes Life