Djamila Ribeiro

A um mês de se mudar para os EUA, Djamila Ribeiro relembra trajetória como professora

“Daqui a um mês vou para Nova York lecionar na NYU. Será a minha primeira vez morando fora do Brasil e me pus a pensar sobre todo o caminho percorrido”, escreveu a filósofa brasileira em seu Instagram, comentando fotos do período em que foi professora do cursinho pré-vestibular para negros e estudantes de baixa renda, Educafro Baixada Santista, há cerca de 20 anos.

“Interessante que à época eu não havia me formado ainda, mas dedicava todos os meus sábados e alguns dias na semana voluntariamente ao projeto para que esses jovens realizassem o sonho da educação superior. Thulane era um bebê e eu sempre a levava comigo”, ressaltou.

Djamila também foto de excursão que fez com os alunos, “primeiro ao Museu do Ipiranga e depois ao Museu Afro Brasil para que eles e elas fizessem uma análise crítica . Minha querida amiga Augusta França (@augustadefrancaoliveira) coordenava tudo com muito amor”, lembrou.

“Na última foto, minha amiga Flávia Monteiro (@flavia.m.monteiro) está cuidando de Thulane para que eu pudesse dar aulas. Na foto 5, estou mediando o lançamento de Cadernos Negros com a querida Esmeralda Ribeiro (@escritoraesmeraldaribeiro) e na 7 estou palestrando no Colégio Estadual dos Andradas sobre a importância do dia da Consciência Negra”, comentou Djamila, destacando o quanto esse trabalho comunitário enriqueceu sua formação.

“Lecionar em uma universidade nos EUA só foi possível porque tive experiências como essa. Experiências em prol do coletivo que me permitiram enxergar o mundo para além das frestas e me ensinaram sobre mobilização política. Ando nostálgica com a mudança que se aproxima, mas feliz por ver que tudo segue fazendo sentido. Quem não esquece de onde veio, a flecha certeira sempre direciona para onde vai”.

 

“Visto para professora aprovado!”

Djamila também fez um post comentando a aprovação de seu visto para atuar como professora nos Estados Unidos.

“Hoje meu visto J1 foi aprovado, agora não falta mais nada para a próxima jornada em Nova York. Assumo a Cadeira Andrés Bello para lecionar esse semestre na NYU”.

A filósofa vai priorizar “uma bibliografia majoritariamente brasileira, feminina e negra”. Um dos desafios, segundo ela, é ter que traduzir trechos das obras das autoras escolhidas, uma vez que a maioria não foi traduzida. “As políticas de tradução seguem coloniais, infelizmente. Porém, estou feliz por fazer isso e apresentar autoras brasileiras para as/os estudantes”.

A disciplina a ser ministrada foi nomeada, segundo revelou a coluna do jornalista Guilherme Amado, “Novos arcabouços civilizatórios através da ótica de Lélia Gonzalez”. Um dos focos é, justamente, o exame de políticas coloniais de traduções e os impactos na disseminação de trabalhos críticos. As aulas de Djamila na NYU também serão essenciais para o fomento do diálogo entre diferentes vertentes do feminismo nas Américas do Sul e do Norte.

 

Djamila lembrou que o momento coincide com o lançamento da versão em inglês de ‘Lugar de Fala’.

“A grata sintonia é que a edição em inglês de Lugar de Fala, ‘Where we stand’, será publicada em agosto e além das aulas na NYU farei alguns eventos de lançamento pelo EUA. Já temos eventos marcados em Washington D.C, Nova York, Atlanta e Madison/ Wiscosin”, revelou, sublinhando que “o livro foi colocado na lista dos livros mais esperados de 2024 do Literary Hub (@literaryhub) e já considerado um clássico feminista”, postou.

A escritora ressaltou a “alegria imensa” de ser publicada pela prestigiada Yale University Press e de contar com prefácio da “gigante Chimamanda Ngozi Adichie”, reforçando os laços do Sul global.

“Não me canso de agradecê-la pela generosidade!”, complementou, exaltando também nomes como Ibram X Kendi e Patricia Hill Collins, que assinam a quarta capa. “Sou grata pela interlocução e partilha”, escreveu.

Para finalizar, Djamila falou da continuidade dos projetos no Brasil, apesar da distância.

“Meus focos principais serão as aulas e os eventos de lançamento de Where We Stand, mas claro que meus laços com o Brasil seguem firmes e fortes. Minha coluna semanal na Folha será mantida, os trabalhos no Espaço Feminismos Plurais e os projetos editoriais. O sentimento é gratidão!”.

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