Djamila Ribeiro

Biografia

Djamila Ribeiro é graduada em Filosofia e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo. É coordenadora da Feminismos Plurais, que compreende o Espaço Feminismos Plurais, a Plataforma online Feminismos Plurais e o selo editorial Sueli Carneiro, o qual publica a Coleção de livros Feminismos Plurais.

É autora dos livros “Lugar de Fala” (Jandaíra/Feminismos Plurais), “Quem tem medo do Feminismo Negro?”, “Pequeno manual antirracista” e “Cartas para minha avó” (Companhia das Letras), além de “Diálogos Transatlânticos” (Editions Anacaona) com traduções para vários idiomas. É também professora convidada da New York University (NYU) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Desde 2022, é imortal da cadeira nº 28 da Academia Paulista de Letras e é conselheira da Fundação Padre Anchieta, da Pinacoteca de São Paulo e do Fundo Patrimonial da USP. Colunista do jornal Folha de S. Paulo e esteve secretária adjunta de Direitos Humanos de São Paulo em 2016. Foi laureada pelo Prêmio Prince Claus de 2019, concedido pelo Reino dos Países Baixos e considerada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.

Em 2020, ganhou o Prêmio Jabuti, o mais importante do meio literário brasileiro, na categoria Ciências Humanas, pelo Pequeno Manual Antirracista. Em 2021, foi a primeira pessoa brasileira da história a ser homenageada pelo BET Awards, concedido pela comunidade negra estadunidense. Em 2023 recebeu o Prêmio Franco-Alemão de Direitos Humanos.

É mãe amorosa de Thulane Ribeiro Alves da Silva, seu maior orgulho, mestre em Reiki.

MEMORIAL PROFISSIONAL (2018-2024)

Foto: Luciano Vianna/SESC

Djamila Ribeiro em Belo Horizonte. Foto: Luciano Vianna/SESC

Introdução

Como coordenadora do Selo Sueli Carneiro em parceria com a Editora Jandaíra, publicou textos e livros de mais de 80 autoras negras e negros. O Selo é um projeto independente que visa a publicação de pessoas negras, sobretudo mulheres, do Brasil e América Latina, como também visa a democratização dos saberes desses grupos sociais, que foram historicamente invisibilizados.

A Coleção Feminismos Plurais é pertencente ao Selo e vem publicando temas críticos, escritos por pessoas negras, a preço acessível e linguagem populares. O formato do livro pequeno, didático e distribuído nas portas dos lançamentos culturais promovidos pela Coleção quebrou paradigmas no mercado editorial e se tornou um sucesso estrondoso com centenas de milhares de cópias vendidas.

Lugar de Fala, primeiro livro da Coleção e escrito por Djamila, foi lançado em novembro de 2017. Desde seu lançamento, figurou entre as obras mais vendidas em todas as listas do mercado editorial. Esteve na segunda posição de livro mais vendido da Feira Literária de Paraty (FLIP) de 2018, a maior do Brasil, o que foi considerando um feito histórico, pois se tratava de um selo independente editorial. Vale dizer que, em 2019, Lugar de Fala ficou na 9ª posição na lista da FLIP, fazendo dobradinha de lista de mais vendidos em anos consecutivos, outro feito marcante na história da literatura brasileira. Além disso, figurou na primeira posição de mais vendidos de dezenas de Feiras Literárias, como a Feira do Livro de Cachoeira (FLICA), Feira Literária das Periferias (FLUP), Festival Literário de Porto Alegre, a Feira do Livro do Pelourinho (FLIPELÔ), entre muitas outras.

Pela editora Companhia das Letras, Djamila é autora de três livros. O livro “Quem tem medo do Feminismo Negro?”, publicado em 2018, reúne seus escritos na coluna que manteve por anos na CartaCapital e compõe reiteradas listas de best-sellers em livrarias ou Feiras Literárias. Os textos publicados na coluna foram adotados em inúmeros materiais pedagógicos do ensino fundamental e médio em todo país e são referências para debates antirracistas e feministas.

Em novembro de 2019, foi lançado o “Pequeno manual antirracista”, seu livro de maior repercussão e que figura na lista de livros mais vendidos da Revista Veja há mais de 100 semanas. O livro traz 11 capítulos sobre temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos, e também dispõe um glossário de autoras e autores negros. Em fevereiro de 2021, por conta do sucesso de vendas do Pequeno manual antirracista, Djamila atingiu a marca de 500 mil livros vendidos no Brasil.

Em seu recente livro “Cartas para minha avó”, publicado em 2021, Djamila faz um resgate de suas memórias em cartas para sua avó Antônia, contando de sua infância, adolescência e desafios da vida adulta. Desde o lançamento, o livro já passou a constar na lista de mais vendidos e tem repercutido de forma muito tocante em seus leitores e leituras.

“Diálogos transatlânticos” é o título de seu quinto livro e reúne encontros entre Djamila e Nadia Yala, professora da Universidade de Paris 8. Essa obra foi publicada, por enquanto, apenas na França pela Editions Anacaona em 2020 e é prevista para ser lançada no Brasil pela editora Bazar do Tempo em 2024.

Podemos dizer que uma de suas principais honrarias ocorreu no dia primeiro de setembro de 2022, quando foi empossada na cadeira nº 28 da Academia Paulista de Letras, sucedendo a histórica e brilhante escritora Lygia Fagundes Telles. A cerimônia de posse lotou o prédio do Largo do Arouche com pessoas de diferentes lugares sociais que foram envolvidas pelos toques de atabaques da comunidade de terreiro de Djamila, que organizou toda a festa. O fala de recepção do imortal escritor Leandro Karnal preparou o terreno para o discurso de posse da escritora, que se tornou a mais nova entre seus confrades imortais contemporâneos e a segunda mulher negra da história a ocupar uma cadeira, seguindo os passos da escritora Ruth Guimarães.

Seus livros são adotados inúmeras em biografias em cursos de graduação e pós- graduação. Somente o Lugar de Fala, por exemplo, segundo o Google Academics, que mede o impacto bibliométrico das obras de graduação e pós-graduação no país, registrou no segundo semestre de 2020 o total de 657 citações em trabalhos de mestrado e doutorado, sendo que Djamila é “apenas” graduada e mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Filas de milhares de pessoas para autógrafos se formaram nas feiras e eventos literários por onde passou no país, como em Salvador, Belém, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Teresina, Rio Branco, Curitiba, Natal, Bonito, Ribeirão Preto, Bauru, entre tantas e tantas outras. As obras são base de leituras em sala de aula, debates, materiais de ensino, em escolas de idiomas e são trabalhadas em vestibulares conceituados, como Fuvest e Unicamp, bem como adotado como bibliografia obrigatória de filosofia na Universidade Federal do Paraná.

Ao todo, em 2024, Djamila Ribeiro atingiu a marca de 800 mil livros vendidos no Brasil.

Para além das obras que escreveu, é importante mencionar que é autora de mais de uma dezena de prefácios, sendo um dos primeiros o escrito para o livro “Mulheres, Raça e Classe”, da feminista negra estadunidense Angela Davis. Foi Djamila que, em 2015, contatou escritora estadunidense para que o livro fosse traduzido e publicado no Brasil em 2016. Em sua carreira, destacaram-se outros prefácios de suma importância, como o catálogo da exposição da pensadora multidisciplinar portuguesa Grada Kilomba na Pinacoteca do Estado de São Paulo, sobre os mitos gregos interpretados pela perspectiva anticolonial.

Djamila assina também o prefácio de “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, da escritora estadunidense Maya Angelou, com prefácio também de Oprah Winfrey; o prefácio de “O olho mais azul”, de Toni Morrison, primeira e única mulher negra a receber o Nobel de Literatura – aliás, o prefácio nessa obra decorreu da curadoria no clube de leitura da TAG Livros e Morrison viria falecer meses depois, mas pode, ainda em vida, ter contato com a obra prefaciada por Djamila Ribeiro, fato que lhe traz muita emoção até hoje.

Ao longo dos anos, foram vários encontros internacionais com pensadoras e pensadores de todo o mundo, como Alice Walker, Achille Mbembe, Ruby Bridges, Kalaf Epalanga, Mamadou Ba, Ruth Gilmore, Oprah Winfrey entre outros. Em 2022, no Salão Carioca do Livro, Djamila mediou a palestra proferida pela escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie em um Maracanãzinho lotado por milhares de pessoas que esgotaram os ingressos em minutos. O encontro fez parte de uma agenda de encontros entre as escritoras envolvida por muito afeto.

Djamila e Chimamanda no Rio de Janeiro. Foto: Bel Acosta

Djamila e Chimamanda no Rio de Janeiro. Foto: Bel Acosta

Djamila Ribeiro e o trabalho editorial

Em parceria com a editora Jandaíra, comandada pela publisher Lizandra Magon, Djamila coordena o Selo Sueli Carneiro e, como editora do Selo, publicou “Sueli Carneiro: escritos de uma vida”, da própria homenageada Sueli Carneiro. O evento de lançamento no SESC Pompéia reuniu admiradores, a família da escritora e figuras emblemáticas do movimento negro brasileiro. O segundo título publicado “Ó Paí Prezada: racismo e sexismo tomando bonde nas penitenciárias femininas” traz a dissertação de mestrado de Carla Akotirene pela Universidade Federal da Bahia.

Em novembro de 2020, a terceira obra do Selo: o livro Mulheres Quilombolas, que, sob coordenação de Selma Dealdina, reúne dezoito mulheres de diferentes comunidades quilombolas do país. Trata-se de uma obra inédita na história do país que contou com apoio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Em setembro de 2021, o Selo lançou sua primeira tradução, o livro “Black Power”, do ativista tobaguenho e radicado nos Estados Unidos Kwame Ture, também conhecido como Stokely Carmichael. O livro conta com prefácio de seu filho Bokar Ture e foi um marco no movimento por direitos civis no Século XX, sendo ele o responsável por cunhar a expressão “racismo institucional”.

No final desse ano de 2021, por meio de um edital aberto com apoio do empresário Maurício Rocha, foi publicado o livro “Uma nova História, feita de histórias: Personalidades negras invisibilizadas da História do Brasil”, que reúne 16 textos de pesquisadoras e pesquisadores negros de diferentes lugares do Brasil que resgata personalidades negras merecedoras de reconhecimento por suas contribuições à História.

Em 2022, foi publicado o livro “Educação quilombola: territorialidades, saberes e as lutas por direitos”, que reúne textos fruto da I Jornada Nacional Virtual de Educação Quilombola, evento que foi uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

No mesmo ano, foi lançado a série Okán Dùdù (Coração negro), que visa a publicação de livros sobre religiões de matriz africana. A estreia foi o livro “Axé, o poder de realizar: mensagens para mudar o seu dia”, de Rodney William.

Em outubro de 2022, foi o “A resistência negra ao projeto de exclusão racial – Brasil 200 anos (1822-2022)”, organizado pelo Prof. Hélio Santos, que reuniu 18 textos de figuras históricas do movimento negro, como Kabengele Munanga, Sueli Carneiro, Cida Bento, Ana Maria Gonçalves, entre muitos outros, para refletir sobre o bicentenário da independência do Brasil sob uma perspectiva negra. Djamila Ribeiro publicou um trabalho nesta obra com o título “A urgente democratização das mídias: Uma abordagem gaspariana”.

Já em 2023, a iniciativa editorial de Djamila Ribeiro publicou a tradução de Águas de Estuário, da escritora colombiana Vélia Vidal, que traz uma reflexão epistolar sobre a vida no Chocó, região negra do país. Djamila e Vélia se conheceram no Hay Festival Cartagena em 2021 e a obra em português é a primeira do movimento de tradução e publicação de mulheres do Sul Global.

Já em junho de 2024, foi anunciada como a Coordenadora do Selo “Feminismos do Sul Global”, a ser publicado pela editora Record, no prestigiado selo editorial Rosa dos Tempos. A Coleção já anunciou a obra “Feminismo Dalit”, publicado por pesquisadoras indianas que pensam a situação das mulheres e partem da experiência como dalit no sistema de castas do país.

Djamila Ribeiro e a Coleção Feminismos Plurais

A Coleção Feminismos Plurais já se tornou uma obra coletiva incontornável para a conscientização da população brasileira sobre perspectivas antirracistas e feministas, assim como revolucionou o mercado editorial brasileiro ao ampliar espaço para a publicação em larga escala de produções negras de não ficção de qualidade teórica e engajamento social.

Até o momento, foram publicados até o momento catorze títulos, ultrapassando a marca de 500 mil livros vendidos. São na seguinte ordem: “Lugar de Fala”; “Encarceramento em Massa”, por Juliana Borges; “Empoderamento”, por Joice Berth; “Racismo Estrutural”, por Silvio Almeida; “Interseccionalidade”, por Carla Akotirene; “Racismo Recreativo”, por Adilson Moreira; “Apropriação Cultural”, por Rodney William; “Intolerância Religiosa”, por Sidnei Barreto; “Colorismo”, por Alessandra Devulsky e “Transfeminismo”, por Letícia Nascimento; “Trabalho Doméstico”, por Juliana Teixeira; “Discurso de ódio nas redes sociais”, por Luiz Valério Trindade; “Cotas raciais”, por Lívia Sant’anna Vaz; e “Lesbiandade”, por Deise Fatumma.

As transformações promovidas no Brasil pelo trabalho editorial de Djamila Ribeiro foram e ainda serão objeto de muita reflexão histórica. De início, cabe ressaltar que as centenas de milhares de livros vendidos vão além de um número expressivo do sucesso das obras em si, mas sinal de uma mudança na cultura literária. Segundo pesquisa de Regina Dalcastagnè, da Universidade de Djamila Ribeiro, entre 1964 e 2014, as publicações de pessoas negras em grandes editoras representava apenas 10% dos catálogos.

Esse movimento tem em Djamila uma de suas expoentes. As obras publicadas na Coleção representam também um fortalecimento do grupo de pessoas negras no mercado, sendo um fator responsável pelo aumento significativo de obras publicadas por pessoas negras no país.

“Quando a Djamila (Ribeiro) cita Audre Lorde ou outros autores negros incríveis, seja de ficção, seja de não ficção, de poesia ou de teatro, as editoras vão atrás”, diz Florencia Ferrari, diretora da editora Ubu em entrevista ao jornal O Globo.

Trabalho no exterior

O trabalho editorial de Djamila Ribeiro e de autoras e autores da Coleção cruzaram o Atlântico e estabeleceram sólidas raízes na Europa. Em razão de parcerias com editoras na França, Itália e Espanha, a articulação da coordenadora tem levado a traduções das obras, até o momento traduzidas e publicadas em francês na Editions Anacaona (Joice Berth, Adilson Moreira, Rodney William, Alessandra Devulsky, Letícia Nascimento, Deise Fatumma), espanhol (Juliana Borges) e italiano na Capovolte Edizioni (Carla Akotirene e Luiz Valério Trindade).

A pandemia freou o intercâmbio de autores e autoras da Coleção nos países, postergando a chegada da intelectualidade negra brasileira em um cenário superaquecido. Isso porque entre 2019 e início de 2020, somente na França foram duas turnês. Todos os eventos com casa cheia e presença em importantes festivais literários. O retorno pós pandemia foi em outubro de 2022, com uma turnê de Djamila Ribeiro e Rodney William na França, Bélgica e Alemanha. Djamila estava para lançar seus quatro livros em francês, enquanto Pai Rodney se tornava o terceiro autor da Coleção a realizar sua tour de lançamento de livros. Essa jornada em especial contou com apoio da Rede Accor e da companhia aérea Air France.

Em 2022, Djamila Ribeiro esteve na Itália no Salão Internacional do Livro de Turim, onde lançou algumas de suas obras em italiano publicadas pela Capovolte. Estão traduzidas para o idioma o “Lugar de Fala”, o “Pequeno manual antirracista” e “Cartas para minha avó”. Em 2023, Djamila esteve em turnê no país para lançamento das obras, contando com casa cheia em Bologna, Florença, Milão e Roma.

Djamila Ribeiro é membra da Beauvoir Society, que reúne estudiosas no pensamento de Simone de Beauvoir, tendo palestrado em duas conferências: no Oregon, nos Estados Unidos, ainda graduanda em filosofia, e em St. Louis, também nos Estados Unidos, como mestranda. Já mestre, realizou conferência em dezenas de universidades ao redor do mundo, como Berkeley, Duke, Harvard, Kings College, Oxford, London School of Economics, Universidades de Montpellier, Lyon, Toulouse, Rennes, Aarhus, Oslo, Amsterdam, entre muitas outras.

Em 2018 proferiu uma aula na “Cadeira Angela Davis para professores convidados” na Universidade de Goethe, na Alemanha, e em 2019 esteve pesquisadora no Maxcy’s College, a convite da South Carolina University. E é pesquisadora convidada da Universidade de Mainz, na Alemanha. Também registra presença nas Feiras de Livro de Frankfurt, Berlin, Edimburgo, Nairobi, Bogotá, Bruxelas, Arequipa, entre outros. Registra falas por diversas vezes na Unesco, Banco Mundial e em parlamentos de países estrangeiros.

Em 2023, foi keynote speaker na Assembleia Geral da ONU, no Dia em Memória da Abolição da Escravidão e o Comércio Transtlântico de Escravizados. O tema da sua fala foi sobre “Lutar contra o legado escravista do racismo através de educação transformadora”.

Em 2024 foi publicada pelo Editorial Caminho a primeira tradução ao português lusitano de uma obra escrita por Djamila Ribeiro. E o editor responsável por esse marco foi o notável Zeferino Coelho, que, por mais de 30 anos, foi editor das obras escritas por José Saramago, o único Prêmio Nobel de Literatura no idioma. Um ano antes, é bom que se diga, Djamila esteve na capital do país para a Feira do Livro de Coimbra e para os Jardins de Verão Gulbenkian, onde sua participação bateu todos os recordes de público, sendo necessária a abertura de salas de cinema com retransmissão para o público excedente do auditório principal poder acompanhar ao vivo. Mesmo assim, não foi o suficiente e as pessoas passaram a assistir em notebooks espalhadas pelo jardim. Foi um imenso sucesso.

Neste 2024, agora com seu Cartas para minha avó publicado no país o público lotou a Feira do Livro de Lisboa para acompanhá-la. Durante essa estadia, Djamila teve a honra de ser recebida na Fundação Saramago por Pilar Del Río, grande companheira de vida do Nobel português e presidenta da instituição.

Djamila Ribeiro foi laureada pelo Leadership for the Americas Awards Gala, em Washington D.C. (Foto: Tomás Gustavo)

Quanto a agendas oficiais, em outubro de 2017 Djamila passou uma semana a convite do governo da Noruega conhecendo e dialogando com as políticas públicas norueguesas. Em 2018, a convite do órgão de turismo da África do Sul, esteve por uma semana visitando o país e nesse mesmo ano foi premiada no Most Influential People of Africa Descent (MIPAD), da ONU. Já em março de 2019, foi escolhida para o programa “Personalidade do Amanhã” pelo governo francês, que seleciona uma pessoa por país para uma semana de agendas oficiais.

Em 2019, foi apontada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo e, no fim do ano, foi laureada pelo prêmio Prince Claus Awards entregue pelo Reino dos Países Baixos, a mais alta honraria a uma pessoa estrangeira, em homenagem ao trabalho de democratização da leitura e ao trabalho como intelectual pública.

Em 2020, participou da residência literária na Literarisches Colloquium Berlin (LCB), em que produziu um artigo sob orientação de Natasha Kelly para um livro publicado em diversos idiomas. Encontrou-se com a Claudia Roth, vice presidenta do Bundestag.

Foi convidada principal no Festival Women of Colour e participou também como convidada principal do Verbier Art Summit, na Suíça, em 2020. Em 2021, esteve na programação da Gwangju Biennale, na Coreia do Sul e foi a escritora homenageada da Feira de Lima, no Peru. No mesmo ano, tornou-se a primeira pessoa brasileira a ser premiada no BET Awards, maior prêmio da comunidade negra estadunidense. Djamila Ribeiro recebeu o prêmio na categoria Global Good, pelo impacto social que seu trabalho de democratização de saberes vindos da população negra representou na comunidade global.

Registra capas e entrevistas nos jornais Tas, na Alemanha, os italianos Corriere della Sera e Il Manifesto, o holandês NR e o francês Afrojeunesse, além de participar de matérias nos maiores jornais internacionais, como The Guardian, New York Times, entre outros, como também nas maiores agências de notícias, como Reuters, AFP. Registra participações na Chinese Global Television Network (CGTN), BBC e Al Jazeera. E, em 2021, assinou uma coluna mensal na revista alemã Der Spiegel.

No final de 2023, esteve em Washington como a homenageada do baile de gala da iniciativa Inter American Diallogue, que reúne líderes das Américas. A cerimônia ocorreu na Organização dos Estados Americanos (OEA) e também homenageou o recente presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo.

Foto: Breno Melo

Espaço Feminismos Plurais

Em abril 2022, funda o Espaço Feminismos Plurais, dedicado à orixá Iansã e voltado ao atendimento holístico de mulheres. São disponibilizados atendimentos psicológico, terapêutico, odontológico gratuitos, como também iniciativas de profissionalização dos negócios dirigidos por mulheres, aconselhamento jurídico, eventos culturais, entre tantas atividades.

Entre elas, está a parceria com a casa de acolhimento Rosângela Rigo, destinada a suporte a mulheres vítimas de violência doméstica e às trabalhadoras da casa, em projeto conhecido como “Cuidando de quem cuida”. O imóvel onde está sediado o Espaço é localizado na Avenida Chibarás, 666, em Moema, na Zona Sul de São Paulo, em um edifício cedido por Maurício Rocha, diretor administrativo do Espaço.

No Espaço também acontecem eventos de lançamento de livros, tendo ele recebido os lançamentos de diversos autores e autoras da Coleção Feminismos Plurais e do Selo Sueli Carneiro. Os eventos e o espaço em si vêm contando com apoios importantes da Johnnie Walker Brasil, Ambev e Vivo. As áreas de atuação do Espaço são diversas e, em 2023, foi publicado o edital de convocação para participação do Fundo Johnnie Walker de apoio e profissionalização de iniciativas de mulheres negras empreendedoras.

Com pouco mais de um ano de funcionamento, já foram atendidas mais de mil mulheres e incontáveis pessoas estiveram presentes nos lançamentos do espaço. As informações completas foram reduzidas em um documento entregue para a ministra da França de Direitos Humanos, Sra. Catherine Colonna, em visita ao Espaço em fevereiro de 2022. 

Plataforma Feminismos Plurais

Em 2020, lançou a lançamento da Plataforma Online de Cursos Feminismos Plurais para comunicação audiovisual e estudos sobre feminismo negro, entre outras abordagens de estudos raciais e feministas. No dia seguinte ao lançamento, recebeu o convite do ator Paulo Gustavo para ocupar sua página do instagram por um mês, ação inédita no Brasil e, em termos de tamanho e duração em todo o mundo. A ocupação inspirou infinitas ações semelhantes e dela surgiu o fomento a projetos populares em ação que ficou conhecida pela hashtag #JuntospelaTransformação.

Foram mais de 80 projetos apoiados com formação e distribuição de assinaturas para engajamento em comunidades. Com apoio da apresentadora Fernanda Gentil, cinco mil assinaturas foram distribuídas para organizações não governamentais. A Plataforma inaugurou com professores de universidades regiões do país e, diante de sua vasta produção de artigos, grupos de estudo e aulas ao vivo é considerada o maior streaming de estudos raciais e feministas no país.

Djamila Ribeiro e a imprensa brasileira

Na mídia nacional, é presença nos maiores veículos impressos de comunicação, como OGlobo, Estadão, Valor Econômico; Esteve por um ano na bancada de consultores do programa Amor e Sexo, da Rede Globo, como também esteve no centro do Roda Vida, da TV Cultura. Registra capas nas revistas Forbes, Forbes Life, ELLE, Ela, GQ, Cláudia, Gol, Donna. Está em editoriais de moda das revistas Bazaar, Glamour, Vogue, passando uma semana em Milão na Semana de Moda a convite da Prada. Está em cadernos de política das revistas Época, Istoé, como em perfis de Trip e GQ. Foi colunista da revista CartaCapital e da revista Marie Claire. É comentarista do jornal da TV Cultura e desde junho de 2019 é colunista no caderno da Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo, espaço em que escreve semanalmente às sextas-feiras. Desde 2022, escreve a convite da revista alemã Der Spiegel.

Foi apresentadora de uma temporada do programa Entrevista, do Canal Futura, no qual entrevistou personalidades como Marielle Franco. Ganhou o prêmio “Cidadã SP” na categoria de Direitos Humanos, o Prêmio Dandara dos Palmares e o Trip Transformadores. Recebeu também a Medalha Brás Cubas, a maior honraria concedida pela cidade de Santos, sua Cidade Natal. Recebeu o Troféu Raça Negra, concedido pela Faculdade Zumbi dos Palmares e homenagens das Assembleias Legislativas de São Paulo e do Rio de Janeiro. 

Djamila Ribeiro e o mundo institucional e corporativo

Em 2024, passou a integrar uma série de Conselhos, a começar pela sua eleição em junho deste ano para ocupar uma cadeira no Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. Em seguida, em julho, passou a compor o Conselho de Administração da Pinacoteca do Estado de São Paulo e, no mês seguinte de agosto, foi anunciada como a nova integrante do Conselho do Fundo Patrimonial da Universidade de São Paulo (USP).

Registra falas em diversos congressos empresariais, como também em categorias de associações de classe. O reconhecimento público de seu trabalho, sua credibilidade e didática logo foram percebidos por marcas que desejam aprimorar suas equipes de diversidade. Em 2020, a pedido do Comitê Olímpico Brasileiro idealizou o curso “Esporte antirracista: todo mundo sai ganhando” direcionado para a delegação olímpica brasileira da Olimpíada de Tóquio. O curso foi mandatório para todos os atletas, além de comissão técnica e dirigentes de confederação. A iniciativa foi tão exitosa que ao final recebeu o apoio da Unesco e foi exportada para delegações olímpicas de outros países.

Além disso, coordena uma série de trabalhos de consultorias em empresas de grande porte, seja de produtos, e, em parceria com escritórios de advocacia, participa de equipes de ESG para avaliar o setor de diversidade em empresas. Em 2021, passou a compor o board internacional de diversidade da L’Oreal em Paris, cargo que ocupou até 2023. Em 2022, a convite do Youtube, produziu com o apoio da Associação de Jornalismo Investigativo (Abraji), o curso “Jornalismo Contra Hegemônico: reflexões para um novo presente”, um curso aberto baseado na disciplina que lecionou na PUC-SP e PUC-RS e que, em apenas um mês, somou mais de 3 mil horas de reprodução, sendo adotado em diversos programas de graduação em Comunicação.

Em sua trajetória, realizou uma série de campanhas e ações publicitárias pontuais para marcas. No fim de 2018, fez uma consultoria e participou de uma campanha publicitária da Avon. Em 2019, a convite da The Body Shop, foi a Tamale, no interior de Gana, conhecer as comunidades produtoras da manteiga de karitê. No início de 2021, lançou uma linha exclusiva de batom na marca Quem disse Berenice?. Parte do cachê da campanha foi revertido para a organização Mulheres da Luz, que acolhe mulheres em situação de vulnerabilidade no Centro de São Paulo, bem como para o Coletivo Neusa Santos, que reúne e busca garantir a permanência de alunas e alunos negros na pós-graduação da PUC em São Paulo.

Desde 2020, Djamila Ribeiro é embaixadora da Johnnie Walker Brasil, protagonizando e formulando roteiros de campanhas. Em uma delas, a campanha “As mulheres negras seguem marchando”, Djamila contou com a participação e aval das escritoras Carla Akotirene, Kiusam de Oliveira e da família de Lélia González.

Em 2023, foi a cocriadora e protagonista da campanha nacional do novo Chevrolet Tracker. A campanha consistia em incentivar mulheres a tirarem carteira de motorista. Tamanho sucesso do comercial pode ser constatado a partir das mais de 300 mil mulheres cadastradas na iniciativa.

Ações sociais

Até o momento, suas doações de livros ultrapassaram as dezenas de milhares em diversas ações, tanto em projetos pontuais com bibliotecas, escolas públicas, clubes de leitura, redes de cursinhos populares e penitenciárias, como em remessas maiores. A cada lançamento de livro, Djamila costuma distribuir no mínimo 100 exemplares, como também realiza outras ações sociais. Em 2019, doou 500 livros distribuídos sobretudo para comunidades e bibliotecas distribuídas pelos nove Estados da Amazônia Legal, em parceria com o Fundação Tide Setúbal. No mesmo ano, 1000 livros foram doados a assentamentos do Movimento dos Sem Terra. Já 10 mil livros do Apropriação Cultural de Rodney William foram preparados para doação para alunos e alunas do ensino médio da rede pública.

Em 2021, em participação no programa Hora do Faro, Djamila anunciou a doação de 1000 livros para Majori Silva, jovem de 22 anos que, inspirada no seu trabalho, construiu com suas próprias mãos a “Biblioteca Lugar de Fala”, em homenagem à Djamila, em uma comunidade periférica de Campinas, no interior de São Paulo. Já em meio à crise do coronavírus, em parceria com a empresa Lola Cosmetics, coordenou as articulações dos trabalhos que resultaram na doação de 10 mil frascos de álcool em gel para comunidades quilombolas da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.

Djamila Ribeiro em sua casa. Créditos: Victor Moriyama for The New York Times

SAO PAULO, BRAZIL: 4 FEBRUARY 2022: Philosopher and writer Djamila Ribeiro reading and writing at her home in São Paulo. CREDIT: Victor Moriyama for The New York Times

Como ativista, desde muitos anos participa como formadora em cursinhos preparatórios vestibulares para a juventude negra. Esteve secretária adjunta de Direitos Humanos na prefeitura de São Paulo, na gestão de Fernando Haddad, em 2016, onde executou políticas como o Transcidadania para atendimento e formação profissional de pessoas transgênero em situação vulnerabilizada. Atualmente, faz formação para o grupo Promotoras Legais Populares (PLPs), que forma lideranças femininas em periferias do estado de São Paulo, para a Escola Feminista de Heliópolis, além de participar de cursos de formação de promotores de justiça, juízes de direito e de diversos outros serventuários do sistema de justiça brasileiro. Faz palestras e eventos em periferias de todo o país.

Recentemente, encabeçou no país uma ação judicial contra o Twitter por exploração econômica do racismo e misoginia com base em pesquisas que demonstram que mulheres negras são os principais alvos de discurso de ódio na rede. Já em 2021, a convite do Tribunal Superior Eleitoral encabeçou a campanha contra a desinformação sobre o processo eleitoral e as urnas eletrônicas brasileiras. Djamila não recebeu nenhum cachê para essa ação.

Where We Stand

Em 2024, a professora se prepara para o grande projeto do ano: o lançamento da edição em inglês de Lugar de Fala, traduzido pela Yale Univeristy Press, ao mesmo tempo em que assume a cadeira Andrés Bello para professoras e professores convidados na New York University. A obra traduzida como “Where We Stand” conta com prefácio de Chimamanda Adichie e quarta capa de Patricia Hill Collins, Ibram X. Kendi, Linda Alcoff, Priyamvada Gopal e Kia Lilly Caldwell.

 

São Paulo, 28 de fevereiro de 2023 – Data de publicação de seu com informações biográficas, informações e link de compras de livros, artigos mais recentes, agenda profissional e meios para contatos.

Última atualização: 17 de agosto de 2024.

Assessoria Djamila Ribeiro

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